Era o segundo ano do Nicolas na escolinha, ele sempre adorou ir a escola. Ele estava com dois anos e sendo assim, sem obrigatoriedade de frequentar as aulas. A escola fazia bem pra ele e pra mim também, nesse tempo eu trabalhava e organizava meu dia, pra que, quando ele chegasse eu pudesse estar disponível pra ficar com ele.
Quando começou a pandemia, eu estava no meu último trimestre de gestação, decretaram férias escolares em abril, logo pensei, que ótimo, assim quando meu bebê nascer, o Nicolas terá aula (estava previsto pra nascer em julho), mal sabia eu, do que nos esperava. Optamos por mantê-lo na escola e assim enfrentarmos essa situação todos juntos.
Eu não tinha energia pra nada, não conseguia brincar e dar a atenção que gostaria ao meu filho mais velho, me sentia mal por não conseguir aproveitar esses últimos momentos de filho único, sentia o quanto ele ficava entediado mas entendia o meu lado. Eu sonhava com a volta das aulas. Ele morria de saudade de brincar livre, de ver os amiguinhos, ele pedia pra ir pra escola, me falava: - "mamãe, quando o vírus passar, eu quero ir na escola de novo!"
A escola precisou se reinventar, fazer coisas e usar ferramentas que nunca tinham trabalhado antes, foi difícil e está sendo difícil para todos os lados. Na escolinha dele, a cada 15 dias vinham atividades pra ele fazer em casa, era muito gostoso receber o kit e imaginar quais seriam as atividades da semana.
Com a idade do meu filho, eu fui bem flexível, fazíamos as atividades de acordo com o que eu sentia, tinha dias que fazíamos várias e outros dias que ele não queria fazer nenhuma. No inicio não queria participar das aulas online, mais pro final do ano, era só elas que ele queria fazer, assim ele via as professoras e os amiguinhos.
Adorei acompanhar um pouco mais do aprendizado dele, ver a evolução em coisas simples, como desenhar dentro da imagem, saber a diferença do maior e do menor.
Foi um ano de tanta resiliência, de tanto aprendizado. Os dias em casa, foram muiiitos e quando eu comecei a ver alterações bruscas no comportamento do meu filho, percebi o quanto o contato faz falta.
Na idade que ele está a escola é professora na hora de dividir o brinquedo com o amigo, de não gostar da atividade proposta e fazer mesmo assim. O principal da escola nessa idade, não são, as letras ou qualquer outro aprendizado pedagógico, apesar de todos eles serem fundamentais, mas o vivenciar, o dividir, o brigar... tudo isso é um aprendizado que está sendo menos intenso nele por causa da pandemia. A escola é fundamental pra ele entender que o mundo, não é exatamente do jeito que ele gostaria, que pode ser diferente e tá tudo bem com isso.
Nessa pandemia todos nós aprendemos, Nicolas teve que aprender a brincar sozinho, eu aprendi que posso mais do que imaginava e que eu não preciso deixar ele sempre fazendo alguma coisa, que o tédio faz parte e é ai que surgem as brincadeiras e a imaginação floresce.
Nessa loucura toda ele ainda ganhou um irmão e o que imaginei que seria mais turbulento, foi o que nos deu acalanto. A chegada do Arthur deu novos ares, nova rotina e muito amor.
E que venha o próximo ano, com novos desafios e de preferência com aulas presenciais e muiiitos abraços, porque caraca, como sentimos a falta disso.
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